A república brasileira sempre foi o retrato da corrupção - o arranjo surgiu com um golpe militar, fomentado por disputas amorosas de um general com um protegido do imperador, e se manteve, ano após ano, com toda sorte de deformidade moral, fracasso político e até mesmo demolição civilizacional. A destruição da música e da literatura são sintomas da queda do país, patrocinada pela casta que usurpou a máquina governamental. Apenas neste momento, mais de cem anos após a fundação do novo modelo de Estado, a população "saudável" coloca os políticos em seu devido lugar, graças à atuação ferrenha das forças policiais.
Prisões de grandes nomes da política poderiam ser vistas como impossíveis, anos atrás. Hoje, há uma coletânea de nomes - dois ex-governadores de uma das maiores economias entre os estados da federação enfrentam a justiça, atrás das grades - que não para de crescer. É possível que um ex-presidente tenha de frequentar o cárcere, contra todos os apelos desesperados de uma militância fanática e que entende a corrupção como necessária ao projeto de poder. Mas o país resistiu, de alguma forma, à onda de degeneração, e está conta-atacando, como mostra nas manifestações e na conduta de profissionais que não têm medo das pretensas "autoridades".
Os dois governadores são o retrato da prepotência. Um deles pensava que falsificar dados de programas sociais (e desviar recursos dos projetos destinados ao povo) é conduta aceitável - este político agora grita, desesperado, para não ir para o lugar no qual merece ser jogado. Ele foi um homem considerado o "dono" de um dos maiores municípios do Rio de Janeiro - agora, é tratado, merecidamente, como criminoso comum, vigarista. É jogado em um dos hospitais públicos que administrou, e que foi incapaz de tornar minimamente aceitável para o povo carioca. Está provando o resultado de seu próprio fracasso, sofrendo com as penas que impôs aos mais humildes - como "nunca antes na história desse país".
Entre todos os homens que se consideravam "intocáveis" no país, o segundo se destaca pela brutalidade. Amigo do "ex-presidente réu", chegou a humilhar um menino pobre, de uma favela, que reclamou sobre a qualidade dos serviços públicos. Esse ex-chefe do Executivo estadual viveu como magnata, por meio do favorecimento de empresários corruptos, responsáveis por obras desastrosas e monstruosamente superfaturadas. A partir de agora, viverá como merece, no lugar adequado para almas tão deformadas que são capazes de roubar até mesmo dos mais frágeis. Este é um novo capítulo da História brasileira, que poderá mostrar que a nação possui homens justos e corajosos.
Sobre as prisões - Garotinho resiste à transferência do hospital para a cadeia:
Sobre o tema - o filósofo Olavo de Carvalho comenta as atitudes de Sérgio Cabral:
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