Ontem, o Rio de Janeiro viu mais um conflito armado, no coração da cidade. Em um dos bairros mais frequentados por turistas, criminosos trocaram tiros com agentes das forças de segurança - um dos criminosos despencou de uma das montanhas que fazem parte da paisagem conhecida internacionalmente. É uma situação trágica, em uma cidade que deveria ser o cartão postal e a principal vitrine das qualidades do país para o mundo. Infelizmente, a região se tornou um "outdoor" dos piores problemas da nação, e grande parte da violência urbana é ocasionada pura e simplesmente por compromissos vis assumidos pela classe política local.
Antes de Eduardo Paes, houve outros políticos igualmente incapazes de lidar com a situação no centro urbano. Um que merece destaque foi o que quase literalmente entregou a cidade aos movimentos narcoguerrilheiros - um nome que é adorado por ao menos um dos grandes partidos da esquerda nacional, o PDT. Essa personalidade decidiu que seria uma barganha aceitável entregar as comunidades carentes aos criminosos, desde que os últimos se comprometessem a não fomentar o crime nas regiões "do asfalto". Qual foi o resultado de décadas desssa "política de boa-vizinhança"? É o que se vê nos telejornais e nos obituários, para tristeza de uma população que tão bem poderia viver, a partir do potencial natural de seu lar.
Não se deve, todavia, isentar os sucessores da culpa. As administrações mais recentes também fizeram "vista grossa" para a atuação de grupos criminosos, de diversas naturezas, no subúrbio e nas regiões centrais do segundo maior centro urbano do Brasil. As chamadas "milícias" também são filhas dessa ligação entre a política e o submundo - alguns de seus defensores também falam de "boas intenções", mas os resultados quse sempre são desfavoráveis, em particular para os mais pobres. Já passou da hora de conscientizar a classe política a respeito da necessidade absoluta de separação entre a política e os grupos que tantos males trazem à sociedade, e não apenas à carioca, mas à de todo o pais, que perde um de seus mais formidáveis potenciais. Só é possível fazer compromissos dentro da lei - felizmente, a cultura nacional está se aprimorando para a contestação de condutas nocivas, vindas de agentes públicos e particulares.
A população carioca deve entender que as lideranças mais desejáveis precisam buscar apenas a atuação dentro da lei, sem meio-termo, sem aceitação (falha, por sinal) de um maquiavelismo improdutivo e destrutivo, que tantos danos causou à cidade. O Rio de Janeiro pode nascer de novo, desde que os eleitores tenham consciência dos riscos da tolerância aos grupos criminosos. Dura lex, sed lex.
Reportagem do RJ TV - conflito armado na região da Lagoa, ocorrido nessa semana. Área é uma das mais visitadas por turistas na cidade:
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