Conforme reportagem divulgada pela Rede Globo de Televisão, o empresário Cláudio Filho, em delação premiada, afirmou que Romero Jucá e Renan Calheiros tomaram parte nas operações ilícitas que beneficiaram a companhia Odebrecht. A reportagem informa que Cláudio Filho declarou: "eu sempre vi no senador Romero Jucá a presença intrínseca do senador Renan Calheiros. Isso significa que eu sabia que, pelos pleitos que eu levava ao senador Romero Jucá, eles também seriam transmitidos ao senador Renan Calheiros e por ele defendidos. Isso bastava para que eu entendesse o recado e visualizasse o tamanho da posição política representada por Romero Jucá".
Ainda de acordo com a notícia, Cláudio Filho declarou que as interlocuções entre ele e o parlamentar que levava pleitos a Renan Calheiros chegaram a movimentar 22 milhões de reais. Cláudio Filho também afirmou ter conhecido o atual presidente - segundo o empresário, "eu não tinha, inicialmente, contato com Michel Temer, que só conheci em agosto de 2005, por meio de Geddel Vieira Lima e em um jantar de comemoração do aniversário do meu pai". O executivo afirmou que, através de suas ligações com personalidades importantes do Legislativo, foi possível influenciar a aprovação de leis que defendiam interesses da companhia que agora tem suas operações investigadas e reveladas pela Polícia Federal.
O trecho acrescenta que, conforme a delação de Cláudio Filho, "o núcleo dominante do PMDB no Senado tem a sua cúpula formada por Romero Jucá, Renan Calheiros e Eunício Oliveira". Calheiros e Jucá são duas das lideranças mais importantes do parlamento brasileiro desde as administrações petistas - sua relevância permanece sob o governo do ex-vice-presidente de Dilma Rousseff, de sorte que Romero chegou a ser considerado como candidato viável para ocupar ministérios da Presidência comandada pelo PMDB.
Cláudio Filho destacou, segundo a reportagem, que "esse grupo é bastante coeso em sua atuação e possui enorme poder de influência sobre outros parlamentares, com a capacidade de praticamente ditar o rumo de algumas matérias, dentro do Senado". Por ocasião do endurecimento das investigações da Operação Lava Jato, Renan Calheiros chegou a defender a aprovação da lei do "abuso de autoridade" - a legislação, caso fosse aprovada, inviabilizaria as investigações como as que levaram à exposição dos esquemas chefiados pela Odebrecht e por parlamentares. A proposta de limitação da liberdade da Polícia Federal motivou manifestações populares contra Renan Calheiros, no final do ano passado.
Confira na íntegra a reportagem sobre a delação de Cláudio Filho:
Mais sobre o tema - reportagem fala sobre a delação premiada que revelou nomes de parlamentares associados à Odebrecht: